Dos Sermões de São Bernardo (1091-1153), abade cisterciense e doutor da Igreja>
O apóstolo Paulo diz: «Alguns de vós mostram que não conhecem a Deus» (1Cor 15,34). Por mim, digo que partilham dessa ignorância todos os que não se querem converter a Deus, visto que recusam converter-se simplesmente porque O imaginam solene e severo, a este Deus que é todo doçura; fazem-No duro e implacável, quando Ele é só misericórdia; crêem violento e terrível Aquele que deseja apenas a nossa adoração. Assim, o ímpio a si mesmo se engana fabricando um ídolo em vez de conhecer a Deus tal como Ele é.
Que temem essas pessoas de pouca fé? Que Deus não lhes queira perdoar os pecados? Pois se Ele os cravou na cruz, nas Suas próprias mãos. Então porque receiam? Por serem fracos e vulneráveis? Ele sabe bem de que barro nos fez! Então de que têm medo? De estar demasiados habituados ao mal para conseguirem quebrar as cadeias do vício? O Senhor liberta os prisioneiros [Sl 146(145),7]. Receiam então que Deus, irritado devido à infinidade dos seus erros, hesite em lhes estender a mão para os socorrer? No entanto, onde aumentou o pecado superabundou a graça (Rm 5,20). Ou será ainda a inquietação quanto ao que vestir, ao que comer e às outras necessidades da sua vida que os impede de se despojarem dos seus bens? Deus sabe que temos necessidade de tudo isso (Mt 6,32). Que mais querem? Que mais lhes serve de obstáculo à salvação? O fato de não conhecerem a Deus e de não acreditarem no que lhes dizemos. Então, que se fiem na experiência de outros.
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