Dos Sermões de São Sofrônio (séc. VII), bispo:
Todos
nós que celebramos e veneramos com tanta piedade o mistério do Encontro
do Senhor, corramos para ele cheios de entusiasmo. Ninguém deixe de
participar deste encontro, ninguém recuse levar sua luz.
Acrescentamos
também algo ao brilho das velas, para significar o esplendor divino
dAquele que se aproxima e ilumina todas as coisas; Ele dissipa as trevas
do mal com a Sua luz eterna, e também manifesta o esplendor da alma,
com o qual devemos correr ao encontro com Cristo.
Do mesmo modo que a Mãe de Deus e Virgem imaculada trouxe nos braços a
verdadeira
Luz e a comunicou aos que jaziam nas trevas, assim também nós:
iluminados pelo Seu fulgor e trazendo na mão uma luz que brilha diante
de todos, corramos pressurosos ao encontro dAquele que é a verdadeira
luz.
Realmente,
a Luz veio ao mundo (cf. Jo 1,9) e dispersou as sombras que o cobriam; o
Sol que nasce do alto nos visitou (cf. Lc 1,78) e iluminou os que
jaziam nas trevas. É este o significado do mistério que hoje celebramos.
Por isso caminhamos com lâmpadas nas mãos, por isso acorremos trazendo
as luzes, não apenas simbolizando que a Luz já brilhou para nós, mas
também para anunciar o esplendor maior que dEla nos virá no futuro. Por
este motivo, vamos todos juntos, corramos ao encontro de Deus.
Chegou
a verdadeira Luz, que vindo ao mundo ilumina todo ser humano (cf. Jo
1,9). Portanto, irmãos, deixemos que Ela nos ilumine, que Ela brilhe
sobre todos nós.
Que
ninguém fique excluído deste esplendor, ninguém insista em continuar
mergulhado na noite. Mas avancemos todos resplandecentes; iluminados por
este fulgor, vamos todos ao Seu encontro e com o velho Simeão recebamos
a Luz clara e eterna. Associemo-nos à sua alegria e cantemos com ele um
hino de ação de graças ao Criador e Pai da luz, que enviou a Luz
verdadeira e, afastando todas as trevas, nos fez participantes do Seu
esplendor.
A
salvação de Deus, preparada diante de todos os povos, manifestou a
glória que nos pertence, a nós que somos o novo Israel. Também fez com
que víssemos, graças a Ele, essa salvação e fôssemos absolvidos da
antiga e tenebrosa culpa. Assim aconteceu com Simeão que, depois de ver a
Cristo, foi libertado dos laços da vida presente.
Também
nós, abraçando pela fé a Cristo Jesus que nasceu em Belém, de pagãos
que éramos, nos tornamos Povo de Deus – Jesus é, com efeito, a salvação
de Deus Pai – e vemos com nossos próprios olhos o Deus feito homem. E
porque vimos a presença de Deus e a recebemos, por assim dizer, nos
braços do nosso espírito, somos chamados de novo Israel. Todos os anos
celebramos novamente esta festa, para nunca nos esquecermos daquele que
um dia há de voltar
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