Dos Sermões de Santo António de Lisboa (1195-1231), sacerdote franciscano e doutor da Igreja:
«Vede as Minhas mãos e os Meus pés: sou Eu mesmo». A meu ver, são quatro as razões pelas quais o Senhor mostra o lado, as mãos e os pés aos apóstolos.
Em primeiro lugar, para mostrar que tinha ressuscitado verdadeiramente e afastar qualquer espécie de dúvida do nosso espírito. Em segundo lugar, para que «a pomba», ou seja, a Igreja ou a alma fiel, fizesse o ninho nas Suas chagas como «nos recessos dos rochedos» (Ct 2,14) e aí encontrasse abrigo contra o gavião que a espreita.
Em terceiro lugar, para imprimir no nosso coração, quais insígnias, as marcas da Sua Paixão.
Em quarto lugar, para nos advertir e nos pedir que tivéssemos piedade Dele e não O trespassássemos de novo com os cravos dos nossos pecados.
Ele mostra-nos as mãos e os pés: «Eis as mãos que vos formaram», diz-nos (cf Sl 118,73): vede os cravos que as trespassaram. Eis o Meu coração, onde nascestes, vós, os fiéis, vós, a Minha Igreja, como Eva nasceu do lado de Adão: vede a lança que o abriu, a fim de que vos fosse aberta a porta do Paraíso, que o Querubim de fogo mantinha encerrada. O sangue que correu do Meu lado afastou este anjo, embotou-lhe a espada: a água extinguiu o fogo (cf Jo 19,34). Escutai com atenção, ouvi estas palavras, e tereis paz em vós.
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